sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dicas de redação

Agora vocês já podem conferir as dicas de redação na barra de vídeo ao lado.
Aproveitem e deixem um comentário!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Competências 3 e 4 avaliadas na redação do ENEM

3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Não basta apenas citar os dados e as informações fornecidas na prova. É preciso selecioná-las com cuidado, objetivamente, e relacioná-los de modo pertinente ao projeto de texto elaborado (tema da próxima aula). Isto é, o que conta não é a quantidade de informações, mas a qualidade. Você deve buscar informações na coletânea de textos que acompanha o tema e em seu repertório de conhecimento de mundo.
Sem uma seleção criteriosa da coletânea não se consegue argumentar de modo consistente determinado ponto de vista.

4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para a construção da argumentação.
Este item diz respeito à organização dos argumentos apresentados. Eles devem ser utilizados de modo coeso e coerente para conseguirmos persuadir o leitor. Para tanto, é fundamental utilizar elementos coesivos, como: advérbios (também, até, aqui, ontem etc.), locuções adverbiais (mais... do que, menos... do que, às vezes etc.) e conjunções (e, mas, porém, portanto, se, caso, embora, enquanto etc.) a fim de estabelecer relações adequadas entre os enunciados e também entre os parágrafos.
A clareza na apresentação das idéias contribui para a construção coerente do sentido pretendido no texto.
ATENÇÃO! Saber utilizar elementos coesivos não significa utilizar estruturas sofisticadas que não tenham relação com o restante do texto. Não utilize “artifícios” ou frases feitas para tentar impressionar. Os professores da banca de correção estão acostumados a reconhecer tais artifícios e normalmente penalizam seu uso.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Competência 2 avaliada no ENEM

2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

Para construir seu texto, você pode buscar informações em todas as áreas do conhecimento, desde que não fuja da proposta. Feita a seleção de dados, é hora de construir relações entre os conceitos, interpretá-los e, assim, construir seu texto

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Por que estudar gramática é tão chato?

Dou aulas em uma instituição particular de ensino superior e sempre me surpreendo com a resistência dos alunos às aulas de língua portuguesa, em especial aos aspectos gramaticais.

Há uma extensa polêmica em relação ao assunto entre linguistas e professores de gramáticas, mas não vou comentá-la aqui. Quero apenas deixar registrado o meu “achismo”.

As aulas de gramática na maioria das instituições de ensino fundamental e médio, pelo que dizem os alunos, ainda são dadas, com base no modelo: apresentação da terminologia e definição e exercícios com frases curtas e lacunas a serem preenchidas.

Eu acredito, com base no aprendizado de 10 anos de docência, que entrar em sala e escrever na lousa, por exemplo, “advérbios” é meio caminho andado para alcançar o total desinteresse dos alunos. A palavra advérbio nada significa para um aluno de qualquer série escolar atualmente. Isso porque a palavra vem do latim e data do século XVI.

Se, por outro lado, o professor (ou professora) iniciasse a mesma aula com uma frase como Carolina canta lindamente e perguntasse ao aluno qual a função do termo lindamente na oração, o resultado seria muito diferente. Os alunos certamente seriam capazes de identificar que o termo modifica o sentido do verbo cantar (afinal afirmar que Carolina canta ou que Carolina canta lindamente é muito diferente – principalmente quando temos de ouvi-la cantar...). A partir daí o professor poderia associar a função à nomenclatura e o tal advérbio faria muito mais sentido para os alunos, porque eles entenderiam, antes da definição, a função desta classe de palavras.

Um outro ganho é que, ao entender a função das diferentes regras gramaticais, ele não precisaria mais memorizá-las (salvo as regras de ortografia e acentuação, que requerem conhecimentos em outras línguas e em áreas específicas da Linguística para não precisarem da memorização).

Quanto aos exercícios de lacunas, até acredito que eles sirvam para o aluno fixar o tópico apresentado em aula. Porém, trabalhar os aspectos gramaticais apenas com esse tipo de recurso pode ser improdutivo, pois estaremos treinando ao aluno para não só responder a determinado enunciado de exercícios, mas também para conseguir identificar um equívoco apenas quando houver uma marca gráfica, uma lacuna.

A realidade é que eles lidam com dificuldades de adequação às regras gramaticais diariamente na fala e na escrita. Se os treinarmos apenas a preencher lacunas, como conseguirão identificar um erro quando estiverem redigindo seus próprios textos?

O problema, ou a “chatice”, da gramática está no fato de ela ser constantemente apresentada como algo enigmático, muito distante da realidade dos alunos. É claro que por ter sido formalizada no século XVI, sempre será distante, mas é importante lembrar que a gramática corresponde a um conjunto de regras a serem seguidas em determinadas situações de comunicação e que boa parte dessas regras já é utilizada pelos alunos, sem que percebam, simplesmente por eles serem falantes nativos da língua portuguesa.

Precisamos, como professores de língua portuguesa, deixar de (re)afirmar que os alunos “nada sabem de português” ou que “não se interessam por nada” e aproximá-los do conteúdo de nossas aulas, ressaltando o que eles já sabem e/ou são perfeitamente capazes de entender.

Deixar de ensinar gramática é algo que não poderemos fazer num futuro próximo (afinal, temos uma normal culta a ensinar). Por que não tornar a experiência menos enfadonha para os alunos e para nós mesmos?

Debora Alves (Diretora Executiva da Parole – consultoria em Língua Portuguesa e coordenadora do curso Como Fazer a Redação do ENEM)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Competência 1 avaliada na redação do ENEM

Conforme prometemos, iremos, a partir desta semana, explicar cada uma das competências avaliadas na redação do ENEM e tirar dúvidas sobre elas.
Não deixem de comentar!

1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.

Embora não se exija um texto em linguagem sofisticada, você deve usar a norma culta padrão da língua portuguesa, que é o registro adequado para um texto formal como a dissertação. Ou seja, deve escreve com correção gramatical e com uso correto dos elementos de coesão (conjunções, pronomes, preposições etc.), ambos conteúdos fornecidos durante os ensinos fundamental e médio.

Atenção!
O uso correto da norma culta padrão não tem relação com o uso de vocabulário extremamente rebuscado e inversões sintáticas que dificultem a compreensão do texto.

Não tente redigir sua redação com termos que você nunca usou antes. Procure utilizar termos formais, sim, mas somente os que você domina para que seu texto seja claro e coerente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Debate sobre o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

(da Folha de S. Paulo)

São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

Portugueses resistem a adotar nova ortografia

Europeus se mobilizam contra o Acordo Ortográfico e despertam dúvidas sobre sua aplicação em Portugal

Grupo aposta nas eleições de setembro para conseguir força política na revisão do acordo; editoras não têm planos para adotar reforma

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início do ano, o novo Acordo Ortográfico já é uma realidade no Brasil. Mas em Portugal, por enquanto, não há acordo. As novas regras aprovadas no país em 2008 previam sua adoção em até seis anos. Os ministérios da Educação e da Cultura cogitaram sua rápida aplicação, de forma escalonada, já a partir de 2009. Mas o movimento contrário à reforma, iniciado ano passado, se expandiu e provoca dúvidas.
Um abaixo-assinado contrário ao acordo, liderado pelo tradutor e ex-deputado Vasco Graça Moura, alcançou mais de 113 mil assinaturas. A petição "Manifesto em defesa da língua portuguesa contra o Acordo Ortográfico" foi apreciada por uma comissão parlamentar, onde um relatório do deputado Feliciano Barreiras Duarte foi aprovado recomendando a apreciação pela Assembleia Nacional. Isso ocorreu em maio passado. Na ocasião, a maioria governista descartou rever a sua aplicação.
O movimento contrário aposta nas eleições legislativas de setembro para conseguir força política e forçar a revisão.

Editoras
Os dois maiores grupos editoriais do país (Leya e Porto Editora) ainda não têm planos de adotar a nova ortografia.
Principal crítico do acordo ortográfico em Portugal, o tradutor Vasco Graça Moura diz que o grande número de assinaturas que conseguiu reunir já era esperado. "Não se esqueça de que dispomos de nove pareceres qualificados contra o Acordo, não havendo nenhum a favor dele", afirmou.
Graça Moura diz que a petição antirreforma continua aberta à subscrição e calcula que dentro de alguns meses as assinaturas terão duplicado. "É sintoma da indignação geral que o Acordo vem causando."
O político acha que a discussão está longe de terminar. "Considero que é possível evitar a adopção [ele pediu para manter o "p" mudo na grafia da palavra] de um documento absolutamente aberrante em Portugal", disse. "É certo que o acordo não foi adoptado em Angola, nem em Moçambique, nem na Guiné-Bissau, pelo que não vale nada como acordo internacional e não pode considerar-se em vigor. Sem contar que adoptá-lo nessas condições seria estimular o fosso ortográfico que tanto se dizia querer evitar."
Graça Moura diz que o acordo é inconstitucional e beneficia sobretudo o Brasil, já que as adaptações são menos numerosas aqui. Para o tradutor, "o Brasil quase não teve de fazer cedências e vê abrir-se a porta de grandes mercados à sua indústria editorial e a um reforço de influência política e cultural no plano transcontinental".
O professor de linguística portuguesa e de fonologia António Emiliano, da Universidade Nova de Lisboa, diz que a publicação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa neste ano, pela Academia Brasileira de Letras, contraria o segundo artigo do acordo assinado em 1990, que previa uma edição comum aos países.
Diante das críticas, a Academia das Ciências de Lisboa divulgou em 25 de junho um comunicado se comprometendo a lançar uma edição portuguesa do "Volp" até o final do ano.
"Isso não satisfaz. O "Volp" brasileiro e o que a Academia das Ciências de Lisboa tenciona elaborar até ao fim do ano não cumprem os quesitos do acordo", diz Emiliano.
Segundo Graça Moura, "a edição do "Volp", se chegar a ser feita, não pode escamotear a questão do vocabulário científico e técnico também exigido pelo Acordo".


São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

Bechara defende o Vocabulário Ortográfico e chama crítica de "balela"

DA REPORTAGEM LOCAL

O linguista e acadêmico brasileiro Evanildo Bechara, responsável na Academia Brasileira de Letras pelas novas regras, qualificou as críticas de "balela" e disse que hoje "é moda falar mal do acordo". Afirmou à Folha que as manifestações são "coisa de quem quer ter os seus cinco minutos de fama" e que "está convicto do sucesso da reforma".
Bechara não aceita as críticas contra a edição de um Vocabulário Ortográfico pela ABL, sem a participação dos outros países lusófonos. "Quem diz isso não leu o artigo 2º [do acordo de 1990]. O que se fala sobre isso é uma mentira, as pessoas usam esse artifício para fazer críticas ao acordo. A decisão da ABL de publicar o "Volp" está de acordo com a reforma, isso é um jogo baixo."
O artigo diz que "os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração (...) de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas".
Segundo Bechara, a edição brasileira não "atropela" a publicação comum e faz somente a normatização de "terminologias científicas e técnicas, como a geográfica", sem interferir nas normas do acordo.
"Isso [o movimento contrário em Portugal] não vai dar em nada. Esse acordo é entre governos, nasceu das academias."
Para Bechara, "essa mania portuguesa de subscrever documento e memorial sobre ato do governo a respeito da ortografia é coisa antiga". Ele cita polêmicas que aconteceram desde a reforma de 1911, "um testemunho centenário".
O linguista português António Feliciano critica a supressão das chamadas consoantes mudas ("c" e "p" em posição final de sílaba gráfica). Para o português, "esta injustificada supressão tem consequências desastrosas para a norma europeia. Destrói dígrafos (grafias compostas por duas letras) como "ac" ou "ec" em centenas de palavras e aumenta exponencialmente o número de palavras graficamente irregulares".
Bechara rebate a crítica. "Em todas as reformas há os que concordam, os indiferentes e os inimigos. Eu prefiro a audácia dos portugueses do século 16 aos de hoje que estão atrás de uma consoante que não se pronuncia e não tem valor linguístico." (MS)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ler para escrever

A importância da leitura para se escrever uma boa redação
Debora Alves*
A prova de redação dos vestibulares sempre preocupou muito os estudantes. A partir deste ano, a preocupação se estende à prova do ENEM, já que esse passou a ser o meio mais valorizado de acesso ao ensino superior, depois da decisão das universidades federais e de algumas particulares de adotarem as notas no exame como processo seletivo.

Muitos alunos (e professores também) pensam que para ter um bom resultado na prova de redação basta aprender alguns “macetes” de escrita e modelos de dissertação. Outros imaginam que obter uma boa nota na redação seja uma questão de sorte ou pensam que somente aqueles que têm um “dom” serão contemplados...

Acreditar que para escrever um bom texto é preciso aprender apenas as técnicas de escrita pode ser um equívoco por, pelo menos, dois motivos.

Primeiro, porque só sabe escrever quem tem o hábito de ler. Não precisa ler somente (ou o tempo todo) os clássicos; pode-se ler jornais, revistas, sites, blogs etc. O ato de ler nos garante, além de um repertório de conhecimento e informações enorme, a familiaridade com as estruturas linguísticas e o contato com diferentes estilos de escrita. Lendo, podemos conhecer diversas maneiras de redigir um bom texto e, ao mesmo tempo, variados modos de convencer o leitor de que determinada opinião sobre certo assunto é relevante.

O segundo motivo é que, antes de escrever uma redação (do ENEM, do vestibular, de concursos etc.), há um passo anterior, fundamental, que consiste na leitura e compreensão da proposta de redação. Se não compreendermos o que estão nos pedindo, dificilmente escreveremos um bom texto e, para compreender corretamente a proposta, precisamos ser bons leitores, o que significa conseguir apreender o sentido pretendido pelo autor do texto e formar uma opinião sobre ele.

Quando uma proposta de redação inclui uma coletânea de textos, há um terceiro motivo para sermos bons leitores e não apenas seguidores de regras e macetes de escrita: a interpretação dos textos que compõem a coletânea.

Os textos da coletânea têm a função de auxiliar a confecção da redação. Geralmente, apresentam informações variadas e pontos de vistas diferentes sobre o assunto do tema para que o aluno possa se orientar qualquer que seja sua escolha/opinião sobre o tema.

Sem uma leitura interpretativa que nos permita associar as idéias expressas em cada um dos trechos com os demais trechos ou com outras idéias relacionadas ao mesmo tema, não conseguiremos assumir uma postura crítica diante das posições dos autores dos trechos e, consequentemente, não conseguiremos aproveitar a coletânea em nossa redação.

O grande “segredo” para se fazer uma boa redação é ,principalmente, saber ler e interpretar as informações que envolvem a redação. Para se escrever bem é preciso ler bem.

(*) Diretora Executiva da Parole – consultoria em Língua Portuguesa e coordenadora do curso Como Fazer a Redação do ENEM.